SOCIEDADE ITALA
A Sociedade Itala foi fundada em Turim, Itália, no ano de 1904, por Matteo Ceirano e Guido Bigio.
Três modelos de veículos foram oferecidos no primeiro ano de existência da empresa: um 18HP, um 24HP e um 50hP.
Já no ano de 1905, após a contratação de Alberto Balloco como diretor técnico, começaram a produzir carros de corrida, com motores enormes.
O maior deles, um 4 cilindros de 14,7 litros e 100HP, deixaria muitos motores de caminhões pesados de hoje parecendo pequenos.
Ganharam a Copa Florio desse ano e a Targa Florio em 1906, na Sicília, com um modelo 35/45HP.
No ano de 1907 a grande realização. Um modelo 35/45, com motor de 4 cilindros, 7,433cc, pilotado pelo Conde Scipione Borghese, venceu a Maratona Pequim/Paris.
O sucesso de seus veículos de corrida e os compradores de alto nível ajudaram em muito a demanda crescente. A Sociedade Itala teve um grande sucesso até o início da Primeira Grande Guerra. Muitos experimentos foram realizados. Uma gama de motores novos surgiu com base nessas idéias, como a válvula de luva e o sistema Avalve. Uma variedade de modelos de carros era oferecida então..
Com o início das atividades bélicas passaram a produzir veículos militares e motores para aviões.
Após a assinatura do armistício, a empresa voltou à produção de carros de corrida, mas agora baseados nos modelos de guerra. O Tipo 50, com 25/35HP, e o Tipo 55, onde reapareceu o sistema Avalve num motor de 4,426cc, foram dos primeiros a serem produzidos.
Grandes transformações ocorreram. Seus carros agora tinham motores pequenos, ao contrário dos enormes motores do pré-guerra. O sucesso de vendas anterior não se repetia.
Várias empresas, no decorrer dos anos 20 e início dos anos 30 do século passado, sofreram com as fracas vendas, dentro de uma economia abalada por dificuldades financeiras. A Ítala foi uma delas.
Em 1924, em virtude da má situação financeira, a empresa estava sendo executada. Os credores nomearam para o cargo de diretor geral um homem da Fiat, Giulio Cesare Cappa.
Ele produziu um novo modelo, o Tipo 61, com um potente motor de 60HP, 7 cilindros em linha, que foi bem recebido pelo púbico. Para tentar recuperar a clientela o carro foi oferecido em vários tipos de carroceria e tamanhos.
Mas logo a seguir Giulio Cesare Cappa decidiu retomar a produção de carros de competição. Surgiu, então, o Tipo 11, um veículo avançado para a época, com tração dianteira, toda suspensão independente, motor V12 superalimentado, mas que nunca chegou a competir.
Dois modelos Tipo 61S participaram, em 1928, das 24 horas de Le Mans, vencendo a classe dois litros.
A sociedade foi comprada por um fabricante de caminhões - Mettallurgiche Officine di Tortona - em 1929 e mais algumas unidades de automóveis foram fabricadas até 1934. As grandes dificuldades financeiras acabaram por determinar e extinção da empresa.
O que restou da sociedade a Fiat arrematou no ano de 1935.
MARATONA PEQUIM/PARIS
31 de janeiro de 1907. O jornal francês Le Matin lançou o desafio.
"O que temos que provar hoje é que desde que o homem
tem um automóvel, ele pode fazer qualquer coisa e ir a
qualquer lugar. Existe alguém que concorda em ir no
próximo verão de Pequim a Paris, de carro?"
Uma prova de resistência de 14.994 km. A Sibéria. O deserto de Gobi. Temperaturas gélidas, temperaturas escaldantes. Povos estranhos, línguas diferentes. Tudo através de dois continentes. O percurso era livre, mas deveriam passar obrigatoriamente por pontos intermediários: Zhangjiakou, Ulaanbaatar, Ulan-Ude, Irkutsk, Krasnoyarsk, Omsk, Cheyabinsk, Petropavlovsk, Perm, Kazan, Nizhny Novgorod, Moscou, Varsóvia e Berlim.
Qurenta equipes se inscreveram, mas apenas cinco conseguiram levar seus veículos até Pequim. A organização da prova cancelou o evento, Mas aqueles que lá estavam decidiram realizar a competição, sem regras, apenas com a certeza de que o vencedor teria como prêmio uma garrafa de champanha Mumm,
Em 10 de junho de 1907 os cinco concorrentes deixaram Pequim.
GRID
Um Itala, equipe italiana, composta pelo Conde Scipione Borghese e Ettore Guizzardi.
Um Spyker, equipe franco-holandesa, carro pilotado por Charles Goddard e Jean du Taillis.
Um Contal, triciclo conduzido pelo francês Auguste Pons.
Um DeDion 1, dirigido pelo francês Georges Cormier.
Um DeDion 2, com o fancês Victor Collignon na direção.
A EPOPÉIA
Não havia estradas continuas entre Pequim e Paris. Só havia coragem.
O Ítala logo se distanciou de seus concorrentes, veículos de baixa potência, incapazes de superar os terrenos mais íngremes. Os carros eram puxados por animais, empurrados por homens, sem o que não chegariam aos terrenos mais elevados. Não superariam os atoleiros. Nos declives, as suspensões não aquentavam os baques ocasionados por velocidades que os freios não conseguiam controlar. A mecânica se mostrava inadequada às condições de terreno e clima. Temperaturas elevadas. Onde conseguir água? A solução era utilizar a água potável nos radiadores e suportar a sede.
Dois meses. Sessenta e um dias após a partida de Pequim, no dia 10 de agosto, o Ítala entrava em Paris. Era o primeiro a chegar. O vencedor. 10.000 milhas de sofrimento. O ganhador da garrafa de champanhe Mumm.
Vinte dias depois do triunfo do Ítala, chegaram a Paris outros três participantes. Em segundo lugar o Spyker, em terceiro o DeDion 1 e em quarto o DeDion 2. O quinto carro, um Contal, triciclo de 6HP, não conseguiu completar o percurso.
O CARRO ORIGINAL
O Itala 35/45HP, veículo original vencedor do Rali Pequim/Paris de 1907, está exposto no Museu do Automóvel "Carlo di Biscaretti Ruffia", em Turim, Itália.
A miniatura: Ano: 1907 | Marca: Rio | Escala: 1/43 | Categoria: Veículo de Competição | Referência:
Texto reescrito e complementado em 11/07/2010